David Cloud - Way of Life Literature
Ezequiel
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Ezequiel
contemplou uma das cenas mais incríveis e maravilhosas que um homem já viu. Ele
contemplou a glória de Deus em seu reluzente trono e recebeu palavras para
descrevê-lo em detalhes.
1. O propósito da visão
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A visão foi parte do chamado de Ezequiel (Ez 1-3). Deus queria que Ezequiel o
visse exaltado no trono do universo. Isaías teve o mesmo tipo de visão (Is 6).
Deus queria que Ezequiel visse Sua glória, poder e soberania sobre todas as
nações e eventos. Esta é a perspectiva certa para todo pregador. É o que fará
com que o pregador faça o que é certo e pregue da maneira certa. Ele deve temer
a Deus mais do que ao homem. Ele deve manter a revelação de Deus diante de si o
tempo todo. É por isso que Paulo prefaciou o encargo de pregar a Palavra com
uma advertência do julgamento de Deus (2 Tm 2:1-2).
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A visão foi a introdução a todas as profecias de Ezequiel. Deus quer que Israel
e todas as nações o vejam exaltado. O Deus de Israel é o Deus vivo, o Deus
eterno, o Deus Criador, o Deus todo-poderoso, o Deus que está realizando Seus
propósitos eternos.
A visão não é poética
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Os querubins são criaturas reais. Eles são mencionados muitas vezes nas
Escrituras, de Gênesis a Apocalipse. Eles serão vistos por todos os integrantes
do reino milenar de Cristo. Veja Ez 43:1-4.
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Símile e metáfora são usados na visão para descrever alguns elementos. Por
exemplo, os querubins têm a aparência “como ardentes brasas de fogo, e com uma
aparência de lâmpadas” (Ez 1:13). E eles corriam e voltavam “à semelhança de um
clarão de relâmpago” (Ez 1:14). Mas os próprios querubins e o trono são
entidades reais, tão reais quanto qualquer coisa nesta terra hoje.
2.
Os Querubins
Os querubins são criaturas altamente
inteligentes e poderosas, criadas para fazer a vontade de Deus. Eles estão
intimamente associados ao trono de Deus.
Eles são totalmente devotados à
vontade de Deus, sendo, a esse respeito, um bom exemplo para todas as criaturas
de Deus.
Satanás era aparentemente o querubim
mais elevado antes de sua queda (Ez 28:14). Seu nome era “Lúcifer, filho da
alva” (Is 14:12).
Os querubins são associados à glória
de Deus (Ez 10:14-15) e são chamados de “os querubins da glória” (Hb 9:5).
A aparência dos
querubins
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A aparência geral dos querubins transportando o trono de Deus é como um tornado
e uma grande nuvem de tempestade, mas é um tornado de fogo que se revolve (Ez
1:4).
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Os querubins parecem como brasas de fogo brilhante e como tochas e lâmpadas,
com a luz brilhante e flamejante subindo e descendo entre os seres viventes, e
com relâmpagos saindo do fogo (Ez 1:13).
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Os querubins têm a semelhança geral de um homem, mas têm quatro faces: uma como
de homem, outra como de boi, uma como de leão e outra como de águia (Ez 1:5-6,
10). O rosto do homem olha para a frente, o rosto do leão olha para a direita,
o rosto do boi olha para a esquerda e o rosto da águia olha para trás. (Ez
10:14 descreve os rostos como de homem, de leão, de querubim e de águia, de
modo que o rosto do boi é aqui descrito como rosto de querubim). “O trono apresentaria
ao observador as faces de um homem, de um leão, de uma águia e de um boi, de
acordo com o lado de onde se olhou para ele” (Barnes). Como criaturas feitas
para serem associadas ao trono de Deus, os querubins possuem as características
de Deus. O rosto de um homem é o rosto da inteligência; a do leão é a face do
poder; a do boi é a face da servidão; o da águia é o rosto da majestade.
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Suas mãos são como as de um homem (Ez 1:8). A mão humana é um produto incrível
da sabedoria e poder criativos de Deus.
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Seus pés são retos como as solas de uma bezerra (Ez 1:7). Em vez de um pé de
homem, eles têm um tipo diferente de pé adequado para sua finalidade. Seus pés
brilham como cobre polido.
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Eles têm quatro asas, duas das quais cobrem seus corpos e duas das quais se
estendem e tocam as asas do querubim ao lado deles (Ez 1:11).
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Os quatro querubins formam um quadrado sob a plataforma do trono de Deus (Ez 1:9-11).
“Os quatro juntos formavam um quadrado e nunca alteravam sua posição relativa.
De cada lado, duas faces olhavam em frente, uma em cada canto - e assim todas
se moviam juntas em direção a qualquer um dos quatro quadrantes, para o qual
cada um tinha uma de suas quatro faces dirigida; em qualquer direção em que o
todo se movia, poder-se-ia dizer que os quatro iam 'continuamente em frente'” (Barnes).
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Eles voavam em linha reta (Ez 1:6,9, 12; 10:11). Eles se moviam retos e seguros
na vontade de Deus, não virando nem para a direita nem para a esquerda.
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Eles se moviam rapidamente como um relâmpago (Ez 1:14). Isso fala da velocidade
com que os anjos cumprem a vontade de Deus. Aonde quer que Deus queira que os
querubins vão, eles vão instantaneamente. A onipotência garante que nada pode
impedir Sua vontade ou fazer com que Ele se desvie.
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Suas asas fazem um grande ruído, como o ruído de grandes águas ou de um grande
exército (Ez 1:24; 10:5,21). As Cataratas do Niágara são um exemplo de grandes
águas. Quando você está perto das quedas, o barulho é tão alto que você tem que
gritar para ser ouvido por alguém ao seu lado.
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Eles têm muitos olhos mostrando sua grande consciência e inteligência (Ez 1:18;
10:12). Eles não são oniscientes, mas Deus lhes deu grande sabedoria. O homem
natural pensa que pode fazer coisas em segredo, quando nenhum outro homem o vê,
mas não há segredos diante de Deus. “O que pode excluir os seres que fazem a
vontade do céu, e que estão cheios de olhos, suas próprias rodas sendo
luminosas com olhos, tudo ao seu redor olhando para nós de forma crítica,
penetrante, judicialmente? Vivemos imprudentemente quando supomos que não
estamos sendo supervisionados, observados, criticados e julgados. ‘Tu, Deus, me
vês’; ‘Os olhos do Senhor percorrem toda a terra’” (Joseph Parker).
As rodas dos querubins (Ezequiel 1:15-18; 10: 9)
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As rodas são da cor do berilo, que é um verde marinho brilhante (Ez 1:16).
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A roda parece uma roda dentro de outra (Ez 10:10). “Uma roda cruza outra roda
em ângulos retos; assim, eles podem rolar nas quatro direções sem serem virados
e podem se mover com o querubim” (Bible Knowledge Commentary). A plataforma
pode se mover instantaneamente em qualquer direção.
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Os anéis ou aros das rodas são extremamente altos (Ez 1:18).
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Como os próprios querubins, as rodas estão cheias de olhos (Ez 1:18).
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Eles são chamados de rodas giratórias (Ezequiel 10:13). Eles são barulhentos e
ativos.
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A roda se move com o querubim, e o espírito do querubim está na roda (Ezl 1:19-21;
10: 16-17). Os querubins são controlados pelo espírito (Ez 1:20). O que quer
que o espírito queira, eles podem fazer imediatamente. O corpo ressurreto dos
redimidos também é um corpo espiritual, o que significa que estará sob o
controle completo do espírito (1Co 15:44). “O corpo estará então sujeito ao
espírito e alma do homem; será empregado no serviço espiritual, para o qual
será abundantemente equipado e assistido pelo Espírito de Deus” (John Gill).
3. O Trono de Deus
De
acordo com a visão de Ezequiel, o trono de Deus é transportado pelos querubins.
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Sobre os querubins está um firmamento ou expansão ou plataforma, e nessa
expansão está o trono de Deus. Veja Ez 1:22, 25; 10:18-19; 11:22.
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Deus é espírito e é onipresente, mas também aparece em glória em seu trono. Na
Escritura, o trono é visto no céu (Ap 4:2-11), e também é visto viajando com os
querubins atuando como uma carruagem divina.
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Este trono é o centro do universo. Dele flui todo o poder e autoridade em toda
a criação; dele todas as coisas são sustentadas, todas as coisas são ordenadas
e comandadas. O trono e os querubins “mostram e simbolizam os propósitos de
Deus na execução de Seus procedimentos governamentais inerrantes na Terra. Deus
controla tudo e Seu Espírito dirige cada movimento” (The Annotated Bible).
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Davi foi instruído a fazer "a carruagem dos querubins" para o Templo
de Salomão (1Cr 28:18).
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Salmo 18:10 diz que Jeová cavalga um querubim.
A
plataforma do trono é da cor de “cristal terrível” (Ez 1:22).
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Moisés descreveu isso “como que uma pavimentação de
pedra de safira, que se parecia com o céu na sua claridade” (Ex 24:10). Assim, o pavimento sob o
trono parece cristal claro com um tom azulado profundo. É como o vidro semelhante
ao cristal (Ap 4:6), portanto, é transparente, mas também reflete a luz como o
cristal ou o quartzo ou diamante mais límpido. O pavimento transparente sob o
trono iria reunir e refletir os relâmpagos e arco-íris e outros aspectos da
glória do trono de Deus.
O
trono é semelhante a uma “pedra de safira" (Ez 1:26; 10:1).
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O trono de Deus parece ser do mesmo material que o pavimento abaixo. É
cristalino com uma tonalidade azulada profunda. A safira azul é a safira mais
bonita que existe. A palavra “safira” vem do latim “sapphirus” e do grego “zafeíri”,
ambos significando azul (Ez 1:28).
Um
arco-íris brilhante envolve o trono (Ez 1:28).
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O arco-íris faz parte da glória do trono de Deus. É “o resplendor em redor” (Ez
1:28). É colorido e esplêndido na aparência. Sua cor predominante é o verde
esmeralda (Ap 4:3), a cor mais agradável ao olho humano, possivelmente
significando "a natureza revigorante e renovador da nova aliança".
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O arco-íris foi o símbolo da aliança de Deus com a humanidade após o dilúvio
dos dias de Noé (Gênesis 9: 13-16). Foi uma aliança de graça imerecida. O
arco-íris, portanto, nos lembra que Deus é amor; Ele é gracioso, longânimo e
misericordioso; Ele cumpre Suas promessas. Embora Ele seja santo e justo, Ele
deu Seu próprio Filho para fazer expiação pelo pecado vil do homem e ofereceu
salvação eterna para todos os que receberem a Cristo como Senhor e Salvador. As
próprias cores do arco-íris representam a misericórdia de Deus. A luz branca
pura significa a retidão, santidade e justiça de Deus, mas em um arco-íris o
branco é dividido em uma variedade de cores, significando outros atributos do
caráter de Deus, Sua misericórdia, paciência, bondade, amor, etc. Assim, quando
o crente contempla o trono de Deus ele é confortado pela presença do arco-íris
e lembrado de que para ele, em Cristo, o trono de Deus é um trono de graça (Hb
4:16).
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Aqueles que recusam a graça de Deus beberão de toda a Sua ira. No julgamento do
Grande Trono Branco não haverá arco-íris, e o pecador estará diante da
santidade de Deus sem um Redentor e sem misericórdia (Ap 20:11-15).
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O arco-íris segue a tempestade e, embora Deus despeje terríveis julgamentos
sobre a humanidade durante a Grande Tribulação, Ele não desembainhará Sua
espada para sempre. Sua ira é “pequena” (Is 54: 8), e depois Ele confortará e
curará. “O aparecimento do arco-íris, portanto, ao redor do trono, era um lindo
emblema da misericórdia de Deus e da paz que havia de permear o mundo como
resultado dos eventos que seriam revelados na visão de João. É verdade que
houve relâmpagos e trovões e vozes, mas lá o arco permaneceu calmamente acima
de todos eles, assegurando-lhe que deveria haver misericórdia e paz” (Matthew
Henry).
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O arco-íris estava “em redor” (Ez 1:28; Ap 4:3). Ao contrário dos arco-íris na
terra, que não é mais do que um semicírculo, parece que o arco-íris pertencente
ao trono de Deus pode ter uma volta completa ou ser refletido de tal forma que
parece que vai em toda a volta. Isso significaria a perfeição e a conclusão da
graça e misericórdia de Deus.
A
aparência de Deus é "como a cor de âmbar, como a aparência do fogo pelo
interior dele" (Ezequiel 1:27).
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O âmbar é amarelo profundo e laranja.
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A cena de fogo do trono de Deus nos lembra da terrível santidade e justiça de
Deus, que é o fundamento e a âncora da lei moral do universo. Ele não pode
tolerar nenhum pecado, nenhuma infração de Suas sagradas leis. Todo pecado será
devidamente julgado, seja em Cristo, no caso dos crentes, ou no próprio pecador,
no caso daqueles que rejeitam a Cristo.
Traduzido por Edimilson de Deus Teixeira
Fonte: Way of Life Literature