domingo, 22 de setembro de 2019

AS INFLUÊNCIAS CATÓLICO-MÍSTICAS DE A.W.TOZER: JULIANA DE NORWICH

Por Tom Riggle

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INTRODUÇÃO:

Os escritos de A.W. Tozer parecem ter duas correntes que correm através deles. Uma corrente é das frequentes referências à Bíblia. Mas a outra – e essa é muitas vezes misturada com a primeira – é dos entusiasmados endossos das experiências místicas e escritos daqueles cuja vida e doutrina são totalmente contrários a Bíblia.
Ele endossa ambos.
Ele não vê conflito entre essas duas correntes.

Para que possamos tanto divulgar as fontes não bíblicas que Tozer tem em estima e ao mesmo tempo demonstrar este conflito em seu ensino, precisamos olhar mais de perto para alguns desses "super-santos" a quem Tozer muitas vezes alude.

JULIANA DE NORWICH: UM EXAME CUIDADOSO

Este artigo trata de Juliana de Norwich, uma inglesa mística (1342-1416). Quando ela tinha trinta anos de idade teve várias crises de saúde. Neste tempo ela teve uma série de visões supostamente de Deus. Quando recuperou a saúde publicou seu relato desta visão – ou melhor, uma série de visões – em dois registros separados. Esses relatos se tornaram a base para a publicação da obra "Sixteen Revelations of Divine Love" [N.T.: Revelações do Amor divino].

A. W. Tozer, em seu livro "Knowledge of the Holy", cita três ou quatro vezes Juliana de Norwich. Antes dos comentários de Tozer, aqui estão alguns trechos das visões de Juliana:  

"Em muito devemos nos regozijar que Deus habita em nossa alma, e muito mais ainda de que nossa alma habita em Deus. Nossa alma é feita para ser o lugar de habitação de Deus; e o lugar de habitação da alma é Deus, que existe desde sempre. E distintamente entender, secretamente ver e saber que Deus, que é nosso criador, habita em nossa alma; e intensamente entender isso, secretamente ver e saber que nossa alma, que é criada, é a habitação material de Deus: dessa matéria, Deus, somos o que somos".

"E eu não vi diferença entre Deus e nossa matéria: pois era como se tudo fosse Deus; e isso ainda levou ao meu entendimento que a nossa matéria está em Deus: isto é, que Deus é a divindade, e nossa matéria é uma criatura em Deus. Sendo que a onipotente verdade da Trindade é o nosso Pai: pois Ele nos fez e nos mantém nele; e a profunda sabedoria da Trindade é nossa mãe, em quem estamos inseridos; a elevada bondade da Trindade é nosso Senhor, e nele estamos, e ele em nós. Estamos no Pai, e estamos no Filho, e estamos no Espírito Santo. E o Pai está em nós, e o Filho está em nós, e o Espírito Santo está em nós: onipotência, toda a sabedoria, toda bondade: um Deus, um Senhor".

"E assim foi meu entendimento levado por Deus a ver nele e entender, perceber e saber, que nossa alma é feita triúna, como a bem-aventurada Trindade que existe desde sempre, conhecida e amada que não teve começo, e ao se fazer um [como em "fazer em um"] com o Criador, como já dito. Esta visão era plena de amor e maravilhosa de se contemplar, pacífica, tranquila, segura e prazerosa".

"E por causa da adorável criação que foi assim feita por Deus entre a alma e o corpo, convinha ser necessário que a humanidade fosse restaurada da dupla morte: que a restauração nunca poderia ocorrer até o tempo em que a segunda pessoa da Trindade tivesse tomado a parte mais baixa da natureza do homem; a quem a mais elevada [parte] fora primeiro formada. E estas duas partes estavam em Cristo, a alta e a baixa: o qual é a alma; a parte elevada estava em paz com Deus, e cheia de alegria e felicidade; a parte baixa, que é a forma natural, sofreu pela salvação da humanidade".  

A APROVAÇÃO DE TOZER:

O que A.W. Tozer escreveu sobre Juliana:

"Juliana de Norwich, que viveu seiscentos anos atrás, viu claramente que a base de todas as bem-aventuranças é a bondade de Deus. O capítulo seis de seu incrivelmente belo e perceptivo pequeno clássico, Revelações do Amor Divino...
Entretanto, este "clássico" é mais belo do que "perceptivo". É nada mais que a mensagem de uma alma enganada que foi ludibriada por um anjo de luz. Isto se torna evidente em seus escritos posteriores.
É compreensível que leitores possam elogiar Tozer diante do seu aparente valor, desde que eles não tinham acesso aos escritos dela – ou aos muitos outros místicos que ele elogia. Até na internet esses "clássicos" foram difíceis de encontrar. Mas agora você pode ler este, por exemplo, ao ir neste link:
http://www.ccel.org/j/julian/revelations/cache/revelations.txt

ONDE ESTÁ ISTO NA BÍBLIA?

O incauto leitor, lendo a obra de Tozer, "Knowledge of the Holy", tomando a avaliação do autor sobre Juliana em face do seu valor aparente irá assumir um grande respeito por ela do que realmente é merecido. Tozer convenientemente esconde muito sobre a vida e teologia de Juliana:
Que ela estava totalmente dentro das fronteiras das crenças católicas. 
Que ela orou para ter estigmas e uma doença fatal para poder sofrer como Cristo.
Ou que ela recebeu como uma "resposta" as suas orações quatorze visões de Cristo e Maria, onde ela ensinou deliberadamente muita coisa que é contrária ao que nós, cristãos comumente aprendemos, de que temos que estar satisfeitos com o que está na Bíblia costumeiramente. Onde, em nossas Bíblias, por exemplo, encontramos que Cristo é "nossa mãe"?  
Mais uma vez entramos no tema Tozer x Tozer, onde ele fala bem da Bíblia por um lado... apenas para melhorar sua credibilidade, é o que parece ser, pois sua fala é ainda melhor sobre aqueles cujos ensinos e pronunciamentos são contrários aos da abençoada Bíblia. Mas não acredite em minha palavra por isso. Vamos continuar. Juliana escreveu o seguinte:

"As Demonstrações do Amor Divino" - A décima primeira revelação
 CAPÍTULO XXV
[Estas são as palavras de "Jesus" na visão de Juliana] :

"E com esta mesma alegria de gozo e regozijo, nosso bom Deus olhou para o lado direito e trouxe à minha mente para onde nossa Senhora estava no tempo de Sua Paixão; e disse: Tu queres vê-la? E nesta doce palavra [era] como se Ele tivesse dito: Eu sei bem que tu gostarias de ver minha bendita Mãe: pois, depois de mim, ela é a maior alegria que eu poderia te mostrar, e o maior deleite [prazer] e adoração para mim; e ela é a mais desejada das minhas abençoadas criaturas para serem vistas. E pelo elevado, maravilhoso, singular amor que Ele tem por esta doce virgem, Sua bendita Mãe, nossa Senhora Santa Maria, Ele mostrou a grande alegria dela, pelo significado dessas doces palavras; como se Ele dissesse: Tu queres ver como eu a amo, que tu poderias se alegrar comigo no amor que eu tenho nela e ela tem em mim?"  
[Observe: Este "Jesus" disse que Maria é a "mais desejada das criaturas para serem vistas". Também vemos como esse amor de Jesus por Maria está em um plano acima dos outros santos. De fato, mesmo aqui sendo chamada "Santa Maria" a distancia de muitos outros cristãos que, na teologia católica, não são chamados assim. Esta é uma típica doutrina de Roma, é claro, e não valeria a pena mencioná-la, exceto por lembrar ao leitor que esta é a escritora que Tozer chama de "perceptiva". Meu propósito neste artigo não é discutir o ensino católico, mas mostrar que muitos dos santos de Tozer são pertencentes a este sistema de crença, e, em vista disto, Tozer deveria ter sido mais transparente neste ponto].    

"E também (ao compreender mais esta doce palavra) nosso Senhor fala a toda a humanidade que ela deve ser salva, como se fosse tudo em uma pessoa, como se Ele dissesse: Tu queres ver nela como és amada? Pois teu amor eu fiz tão grande, tão nobre e tão digno; e isto me agrada, e assim é o que eu faço de ti". 

[Juliana pode ou não ter ensinado universalismo: a crença de que toda a humanidade será eventualmente salva. Por causa da linguagem de Juliana isso pode ser visto de dois modos, entretanto, esta acusação não pode ser sustentada].
"Pois segundo Ele, ela é a mais bem-aventurada visão". 

[Isto é errado em muitos níveis, não menos que o fato de que Deus não dá sua glória a outrem].
"Mas disto eu não aprendi a desejar ver a sua presença corporal enquanto estou aqui, mas as suas virtudes de sua abençoada alma: sua verdade, sua sabedoria, sua caridade; em que eu possa aprender a me conhecer e temente, reverenciar meu Deus. E quando nosso bom Senhor mostrou isto e disse desta palavra: 
Tu queres vê-la? Eu respondi e disse: Sim, bom Senhor, eu agradeço a ti; sim, bom Senhor, se isso for da Tua vontade. Muitas vezes eu rezei por isso, e eu imaginei ter visto a presença corporal dela, mas eu não a via assim. E Jesus nessa palavra me mostrou a visão espiritual dela: exatamente como a tinha visto antes, pequena e simples, assim Ele a mostrou então sublime e nobre e gloriosa, e agradável a Ele acima de todas as criaturas.
E Ele quer que isso seja conhecido; que [assim] todos aqueles que se agradam nEle devem se agradar nela, e no agrado [prazer] que Ele tem nela e ela nEle. E, para entender melhor, Ele mostrou este exemplo: como se um homem ama uma criatura singularmente, acima de todas as criaturas, ele deseja fazer com que todas as criaturas amem e tenham prazer nessa criatura que ele ama tão grandemente".  

[Por que dar-se ao trabalho tendo a encarnação ou morte de Cristo se tudo isto é verdade de Maria? Como é possível que Tozer não viu esta teologia de Maria mediadora?  Ou será que ele passou por cima disso como sendo uma questão menor? Em todas as recomendações de Tozer desses místicos, eu ainda não me deparei com qualquer aviso de advertência de sua parte].        
"E nesta palavra que Jesus disse: Tu queres vê-la? Considerei que esta era a mais agradável palavra que Ele pode ter dado a mim sobre ela, com aquela mostra fantasmagórica [espiritual] que Ele me deu dela. Pois nosso Senhor me mostrou nada de especial além de nossa Senhora Santa Maria; e a mostrou três vezes. A primeira era quando ela estava grávida; a segunda foi quando ela estava em seus sofrimentos sob a cruz; a terceira como ela está agora, amável, adorando e feliz".   

[Fim da décima primeira visão de Juliana].

Pelo menos a "deusa" está adorando. Flagrante blasfêmia por toda esta visão!
Agora, aqui está a questão que eu tenho: Quais eram os pensamentos de Tozer sobre este livro?
Ele leu toda esta obra? A maior parte provavelmente.
Ele acreditava nesses ensinos: Uma Maria elevada a Mediadora?
  
Mas, existem mais nos escritos de Juliana que precisamos mencionar. Observe especialmente as frases sublinhadas:

"Pois ele é nossa Mãe, Irmão e Salvador. E em nosso bom Senhor, o Espírito Santo, temos nossa recompensa e nossa parte, para nossa vida e nosso trabalho, e incessantemente ultrapassando tudo o que desejamos em sua maravilhosa cortesia de sua abundante e elevada graça. Pois a nossa vida está em três. Na primeira temos nosso ser. E na segunda temos nosso crescente. E na terceira temos nossa completude. A primeira é a nossa essência. A segunda é misericórdia. A terceira é graça. A primeira, eu vi e entendi que o grande poder da Trindade é nosso Pai. E a profunda sabedoria da Trindade é nossa mãe. E o grande amor da Trindade é nosso Senhor. E tudo isso temos em essência e nossa criação substancial. E, além disso, eu vi que a segunda Pessoa que é nossa Mãe substancial, essa mesma Pessoa agora se tornou nossa Mãe carnal. Pois somos de uma dupla formação de Deus, isto é, substancial e carnal. Nossa substância é a maior parte, o qual temos em nosso Deus Pai Todo-Poderoso. E a segunda Pessoa da Trindade é nossa Mãe em natureza em criação substancial, em quem estamos fundados e enraizados. E ele é nossa Mãe em misericórdia em nossa carnalidade ao tomar carne. E, assim, nossa Mãe está trabalhando por nós em diversos meios, em que nossas partes são mantidas indivisíveis. Pois em nossa Mãe Cristo nós somos favorecidos e crescemos".

Esta última seção é tudo o que é necessário para mostrar que Juliana de Norwich não tem nada a ensinar a um cristão, que ela mesma se enganou. Qualquer um que a cite, ainda que seletivamente – como Tozer teve o hábito de fazer – somente confunde a verdade de Cristo. 

Leia também:
A.W. Tozer: Um Falso Profeta
A.W. Tozer: Arminiano e Pelagiano

O Caminho dos Místicos e as Raízes da Moralidade de A.W. Tozer

Traduzido por Edimilson de Deus Teixeira
Fonte:  asterisktom.xanga.com

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